quinta-feira, maio 29, 2003
Ontem à noite fui à feira do Livro (no Palácio de Cristal). A tenda está mais fresca, graças a um ventilador potente, mas a temperatura no pavilhão, mesmo à noite, é insuportável. Há muitos livros infantis, muitos livros técnicos, muitos livros esotéricos, encadernações douradas, edições camarárias,… há de tudo, até uns computadores a piscarem o olho para os novos suportes. O meu interesse, como é hábito, recai em apenas meia dúzia de stands.
O café literário ainda não estava montado, mas prevejo que as “Afinidades Electivas” vão ser muito suadas, era preferível fazer esses encontros nos jardins.
A música de fundo continua igual e desconfio que a voz que anuncia as atracções, será a mesma.
Não encontrei nada que me surpreendesse. Aproveitei para comprar umas pechinchas: “O tempo aprazado” por três euros, e “A lavoura arcaica” por cinco e os olhos, gulosos, ficaram com o Edward Gorey, que está no pior lugar da feira, num vão de escadas, juntamente com outros pequenos editores.
No stand da Antígona encontrei um senhor a comprar o Manifesto contra o trabalho e dois Cosserys. Apesar do ar pacato, deve ser um terrorrista mandrião em formação.
No stand da D. Quixote perguntei por um livro, recomendado em tempos pelo Rui Amaral, com poemas do Montale, expliquei que não me lembrava bem do nome mas de certeza que era uma antologia de poetas italianos e o nome da colecção tinha a palavra “Aprendiz”. O senhor da editora olhou para mim com ar incrédulo, perguntou a uma colega que respondeu muito peremptoriamente que não era deles, ainda insisti, a minha memória é boa, de certeza que é da D. Quixote, mas não, a cara dele já reprovava o meu comportamento. Em casa, fui consultar os meus papéis e percebi, o livro é de 1992, já está morto.
Hoje o boletim metereológico anuncia a chuva habitual, não há surpresas…