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domingo, maio 18, 2003  

José Pacheco Pereira é um anacronista!

Só ontem é que dei conta que José Pacheco Pereira escrevera- pra o meu espanto-no seu blog sobre filatelia, referindo-a como um anacronismo. Ou seja: É uma cousa passada. Pois, é mais fácil imaginar um coleccionador de selos no tempo do Balzac, do que agora, no tempo da teletecnologia. É mais fácil ainda imaginar selos num museu. Mas a verdade é que os coleccionadores com os seus álbuns e simultaneamente o interesse, a paciência, o método deles mesmos garantem a sobrevivência do mundo dos selos, isto é , pequenos (ou grandes, mais no caso do selos norte-americanos) papéis, de forma, a maior parte das vezes rectângular, com valores e imagens. Agora, os selos não são meros papéis. E, para além dos seus valores, há uma história do selo, uma estética do selo e um trabalho, muita vezes solitário, de um desenhador. E também há a ciência do selo, por mais incrível que seja. Pode-se ficar indiferente à carimbos, à denteados, agora à beleza das imagens, não. Pequenos papéis que representaram e representam a história (através de retratos de reis, de políticos, de artistas, etc; através de acontecimentos políticos, etc.), a arte (muitos quadros são reproduzidos no espaço de um quadrado. Vi o quadro "Vida" de Picasso num selo francês, que passou a ser um dos meus favoritos de sempre.), a literatura, a flora, a fauna, a geografia (houve edições de selos que provocaram questões entre países), etc. Na verdade, no início, o selo ultrapassara o seu destino que era o da franquia e passara a ser uma janela pequena, um veículo cultural, educativo,pra muitas pessoas................... Em suma: não sei porquê é que estou aqui a gastar o meu latim a falar do mundo da filatelia, porque sei que é um coleccionador de selos. Ou seja: um anacronista, palavras suas.
Deixo ainda as palavras do Walter Benjamin sobre o comércio dos selos, aqui.


Comércio de selos

Para quem examina montes de velhos selos coleccionados, às vezes um selo já há muito fora de circulação, sobre um frágil sobrescrito diz-lhe mais que a leitura de dúzias de cartas. Por vezes, encontramo-los sobre postais ilustrados e já não sabemos que fazer: deveremos descolá-los ou guardar o postal tal como está, tal como a folha de um mestre antigo que tem na parte de frente e de trás dois desenhos do mesmo valor? (...) As cartas que permaneceram por muito tempo sem ser abertas adquirem algo de brutal; são deserdados que perfidamente, em silêncio, forjam a sua vingança dos longos dias de sofrimento. Muitas delas expõem mais tarde, nas vitrinas dos comerciantes de filatelia, os sobrescritos intactos repletos das marcas de fogo dos carimbos. (...)

Os selos estão pejados de numerozinhos, letras minúsculas e olhinhos. São tecidos celulares gráficos. tudo isto fervilha misturado e como os animais mais simples, continua vivo mesmo que feito em pedaços. Por isso é que, de bocadinhos de selos que se colam uns aos outros, se fazem imagens tão impressionantes. Mas nelas a vida tem sempre o cunho da decomposição, como sinal de que é composta do que já está morto. Os seus retratos e grupos obscenos repletos de ossadas e inumeráveis vermes. (...)


Selos de sobretaxa, são os espíritos entre os selos. Não se alteram. a mudança de monarcas e formas de governo passa por eles como por espíritos, sem deixar vestígios. (...)

A criança olha a distante Libéria através de uns binóculos de ópera colocados ao contrário: ali está elá, por detrás da sua réstia de mar, com as palmeiras exactamente como os selos a mostram. Com Vasco da Gama, veleja em torno de uma triângulo, que é equilátero como a esperança, e cujas cores se alteram com as mudanças de tempo. Prospecto de viagem de cabo da Boa Esperança. Quando vê cisne nos selos australianos então, mesmo sobre os valores azuis, verdes e castanhos, ele é cisne preto que só surge na Austrália e que , aqui, desliza sobre as águas de um lago, como sobre o mais tranquilo dos oceanos. (...)

É sabido que existe uma linguagem filatélica que está para a linguagem das flores como a alfabeto Morse para o alfabeto escrito. Mas por quanto tempo viverá ainda a profusão de flores entre os postes telegráficos? Não serão os grandes selos artísticos do pós-guerra, com a sua riqueza de colorido, já as sécias e dálias outonais desta flora? Stephan, um alemão, não apenas por acaso um contemporâneo de Jean-Paul, plantou, na metade estival do século XIX, esta semente. Ela não sobreviverá ao século XX.


Walter Benjamin , Rua de Sentido Único e Infância em Berlim por volta de 1900, Relógio d' Água.


Já agora, José Pacheco Pereira, diga-me se não gostaria de encontrar um certo selo das Guianas Britânicas, que em 1856 valia um centavo e agora o seu preço é incalculável.


posted by Anónimo on 14:18


 
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