sexta-feira, abril 18, 2003
A utopia e os pés na terra
É o nome da exposição dedicada à vida e obra de Gonçalo Ribeiro Telles.
A exposição está no Museu de Évora até 18 de Maio, depois segue para Lisboa e, em Setembro, irá para o Museu Municipal de Coruche. É uma boa oportunidade para conhecer melhor o mais irrequieto e o mais lutador dos nossos arquitectos paisagistas. É possível ver a sua colecção de soldadinhos de chumbo de 1910, aguarelas, fotografias e desenhos dos seus projectos.
Repesquei três respostas de uma entrevista publicada em Março no jornal Público.
Sobre o laranjal:
– É uma árvore que chegou com as Descobertas e substituiu a laranja amarga, que era só para remédios e sabia muito mal. Esta era maior, mais doce, mais bonita. Passou a ser um património. A amarga veio com os romanos, a doce veio com as Descobertas. Culturalmente, o laranjal vem quase poeticamente.
Sobre as árvores e a paisagem:
– A árvore é o elemento mais importante na arquitectura paisagista?
– Não. O elemento mais importante é a paisagem. – Mas a árvore não permite, na composição plástica, coisas que outros elementos não permitem?
– A árvore só joga quando há a contra-árvore ou a ausência da árvore. A forma da paisagem resulta fundamentalmente da clareira. Só se vê a mata de for a da mata. Ou seja, vive-se através de percursos e dos constrastres entre volumes (as árvores) e superfícies. E daí a importância da água e dos prados. O prado é tão importante como a árvore.