"A música é ao mesmo tempo cerebral em último grau – repito que as energias e as relações formais implicadas na execução de um quarteto, nas interacções entre a voz e o instrumento são dos acontecimentos mais complexos que a humanidade conhece – e somática, carnal, em busca de uma ressonância no nosso corpo mais profunda do que a consciência ou a vontade. (...)
Frente à música, somos humanos,demasiado humanos”
"O que é que há no mundo que seja como a música? Com que se parece a música? [...] A fraqueza das nossas respostas verbais à música parece‑me extremamente reveladora. [...] Aquilo que um ser humano - que a música comove, para a qual a música é uma instância dispensadora de vida -, se mostra capaz de dizer sobre ela são apenas banalidades. A música significa. Transborda de sentidos que não se podem traduzir em termos de estruturas lógicas ou de expressão verbal. Na música a forma é conteúdo, e o conteúdo forma. A música é ao mesmo tempo cerebral em último grau - [...] as energias e as relações formais implicadas na execução de um quarteto, nas interacções entre a voz e o instrumento são dos acontecimentos mais complexos que a humanidade conhece - e somática, carnal, em busca de uma ressonância no nosso corpo mais profunda do que a consciência ou a vontade. Tudo isto são lugares‑comuns. Todavia todos e cada um deles desafiam a racionalização analítica. Todos e cada um deles refutam a arrogância do positivismo, a exigência de uma explicação de todas as coisas assente em dados psicológicos ou em esquemas sociológicos quantificáveis."