O último filme de Pasolini, assassinado em 1975, encerra o ciclo 5 Noites, 5 Filmes que lhe foi dedicado. Curiosamente, Saló ou Os 120 Dias de Sodoma é a obra mais violenta do cineasta italiano, marcada pela opressão, sadismo, deboche e morte numa expressão de pura maldade. Pasolini transpõe "Os 120 Dias de Sodoma" do Marquês de Sade e apoia-se em textos de Roland Barthes, Maurice Blanchot e Pierre Klossowski para evocar os últimos dias da ditadura fascista italiana, no final da II Guerra Mundial. É no norte de Itália que se situa a República de Saló, controlada pelos nazis. Os Senhores, quatro homens no poder, reúnem os 16 belos jovens de ambos os sexos que serão levados para a mansão para servirem nas orgias. Já na mansão, três senhoras de meia-idade contam histórias bizarras que são recriadas pelos Senhores e pelos jovens, resultando em cenas de deboche, delírio sexual, humilhações, torturas e finalmente morte. Esta impressionante reflexão de Pasolini sobre a perversão do ser humano suscitou muita polémica e deixou plateias inteiras em estado de choque. "Saló ou Os 120 Dias de Sodoma" foi censurado em vários países e continua a ser, nos nossos dias, um filme perturbador.
Saló ou Os 120 Dias de Sodoma (Saló o Le 120 Giornate di Sodoma). De Pier Paolo Pasolini, com Paolo Bonacelli, Giorgio Cataldi, Umberto Paolo Quintavalle, Aldo Valletti, Caterina Boratto, Elsa De Giorgi, Hélèna Surgère, Sonia Saviange, Sergio Fascetti, Bruno Musso. Itália/França, 1975, 117 min.