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terça-feira, abril 22, 2003  
O prazer do chá




A maioria das coisas boas da vida têm uma origem lendária ou uns princípios de incerteza que se resolvem, quase sempre, com ocasionalismos providenciais. O chá, a bebida mais consumida no mundo, por detrás da qual se esconde uma fascinante e colorida aventura que se funde com a história cultural e social de muitos países, não escapa à regra do mistério.
A cativante odisseia do chá começa no momento em que o imperador chinês Chen Nung – um sábio com tendências de ervanário que por razões de higiene não bebia água sem ser fervida – dormia à sombra de uma planta brava de chá num certo dia do ano de 2737 a.C.. Uma brisa ligeira sacudiu a planta que deixou cair umas folhas para dentro da água em fervura. A imperial figura experimentou a infusão e achou-a deliciosa, enérgica e desalterante. E assim nasceu o chá. Gosto da história e não penso arrematar outra, embora saiba que a China só foi unificada no século III a.C. e que antes dessa data não havia imperador. Esta poética génese do chá deverá ser considerada como uma homenagem ao desenvolvimento agrícola, médico e cultural da China dessa época. Tenha sido esta, ou qualquer outra, a origem desta bebida, os especialistas entendem que o chá estaria já presente nestas terras cerca de três mil anos antes de Cristo porque a primeira alusão escrita às folhas de chá data do terceito milénio antes da nossa era. Refere-se a um célebre cirurgião chinês que as prescrevia para aumentarem o poder de concentração e a vivacidade do espírito. Da mesma época existe um relato de um general do exército chinês que, sentindo-se velho e deprimido, pedia ao seu sobrinho, um verdadeiro chá. Teria pedido um verdadeiro tu, palavra chinesa que significava chá mas que também era utilizada para significar uma outra planta, a serralha. Para evitar confusões, um imperador da dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.) ordenou que o ideograma de chá fosse pronunciado cha. os portugueses, obedientes à norma, adoptaram a palavra indicada, tal como o fizeram persas, japoneses e hindus. Os árabes não se desviaram muito e dizem shai, tal como os tibetanos que adoptaram ja, os turcos chay e os russos chai. Todos os outros países ficaram-se por semelhanças ao tu ou ao t’e, do dialecto chinês. (thee em holandês; tee em alemão e finlandês; te em italiano, espanhol, dinamarquês, norueguês, sueco, húngaro e malaio; tea em inglês e thé em francês).

A ideia de utilizar em infusão as tenras e jovens folhas deste pequeno arbusto – thea sinensis – comum nas montanhas do sul da China, começou por ser uma prática utilizada durante as cerimónias religiosas. Mais tarde divulgou-se, tornou-se uma bebida da moda na corte da dinastia Tang (618 - 907 d.C.) e as casas de chá multiplicaram-se em toda a China. Os anos faustosos desta dinastia correspondem à “idade de ouro” do chá, que não era considerado só como um remédio, bebia-se por prazer e também para lhe procurarem as portentosas virtudes de fortificante. A preparação e a forma de servir o chá deram lugar a um verdadeiro cerimonial e a sua cultura e as formas de tratamento foram objecto de legislação severa. A colheita revestia-se de uma importância enorme, com uma atenção particular à higiene e ao regime de vida dos jovens que colhiam as folhas. O alho, a cebola e todas as especiarias, em geral, eram proibidas nos seus regimes alimentares, de forma a evitar que o contacto dos dedos com as folhas de chá transmitissem odores indesejáveis que iriam perturbar os finos e delicados aromas. Foi nesta época da dinastia Tang que foi escrito o primeiro livro sobre esta bebida, de autoria de Lu Yu (733 - 804 d.C.) chamado Cha King, que quer dizer, “O Clássico do chá”. Descreve o chá sobre todos os seus aspectos, interessando-se desde as origens da planta e das suas características, às diferentes variedades, ao tratamento das folhas, aos utensílios necessários à sua preparação, à qualidade das águas, às virtudes médicas e aos costumes que orientavam o seu consumo.
O tratamento das folhas de chá, durante esta dinastia Tang, caracterizou-se pelo processo de aquecimento das folhas, logo após a colheita, através de vapor, sendo depois esmagadas e misturadas com o sumo de ameixa que servia de produto de ligação. Esta pasta era em seguida enformada numas caixas e depois cozida. Para se fazer chá torravam-se as placas resultantes deste processo e depois de reduzidas a pó, deitava-se uma certa quantidade em água a ferver. Para enriquecer o aroma era hábito misturarem, nos recipientes utilizados para beberem o chá, gengibre, raspas de laranja, cravinhos e menta em pó.

retirado do livro Os Prazeres de Alfredo Saramago
© Assírio & Alvim
(continua um dia destes)

posted by Anónimo on 22:43


 
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