Oh sim! Mas o Paul Thomas Anderson perverte o tema. Não há flores, nem passarinhos, nem paisagens bonitas. A acção decorre em locais inóspitos: um armazém de revenda de desentupidores, um hotel , um aeroporto, um hospital, um supermercado de colchões, e corredores, muitos corredores. Os personagens não andam na lua: Barry Egan corre desenfreadamente (foge das irmãs e procura uma saída para a sua vida?) vai contra as coisas, cai, e Lena caminha de uma maneira, que se percebe que está bem agarrada à terra.
Mas voltemos ao início: há um homem que compra pudins para juntar bónus de viagens aéreas (apesar de nunca viajar), um dia compra um fato azul, aparece-lhe um piano à frente para dar um tom romântico e é então que surge uma mulher vestida de vermelho e…apaixonam-se?
Anderson atira-nos os clichés e depois diverte-se a tirar-nos o tapete. Aqui nada se passa como nos filmes. Ela não apareceu por acaso, o jantar não é romântico, e o efeito idílico provocado pelo plano que marca o encontro deles no Hawaii (é o plano que se vê no cartaz) é desfeito à noite quando eles trocam mimos amorosos pouco cor-de-rosa. Entretanto surgem alguns problemas com um mafioso - o brilhante Philip Seymour Hoffman -, que gere uma linha erótica de forma pouco escrupulosa e que acabam por ser resolvidos na magnífica cena em que Egan diz, com toda a clareza, que tem imensa força porque está apaixonado. Anderson no pico do romantismo.
No final, Barry Egan usa uma gravata vermelha e o último plano é magistral, quase podemos adivinhar: eles não foram felizes para sempre.
Adam Sandler e a Emily Watson são óptimos neste par romântico mas pouco ortodoxo. A música encaixa na perfeição e, intencionalmente, ouve-se uma canção repescada da banda sonora do Popeye: He needs me.