I Escrevo logo após um jornalista inglês
“sobre isto cá da Irlanda” pedir “pontos de vista”.
E nos quartéis de inverno eis-me outra vez
onde não é notícia notícia má que exista,
onde os homens dos media farejam e perguntam
e zooms, gravadores, cabos em rodopio
põem hotéis em desordem. Os tempos desconjuntam
mas das contas de um rosário me fio
tanto como de análises e frases
da gente dos jornais, da política élite
que da longa campanha escrevinhou, dos gases
e do protesto e de armas, gelinhite,
que em seu pulsar provou “escalada”, “reacção”,
“repressão”, e “braço militar”, e “tanto”
ódio de longa dura” e “polarização”.
Porém eu vivo aqui, eu também vivo aqui, eu canto,
falo hábil, civilmente, com vizinhos civis
no arame das primeiras transmissões sem fio,
sorvendo o gosto falso, o pedernal matriz
de estafada resposta com bafio:
“Oh concordo, decerto, é uma desgraça incrível”,
“Onde é que isto termina?” “Inda o pior provoca.”
“São assassinos.” “O internamento, compreensível…”
A “voz da sanidade” está a ficar rouca.