domingo, março 30, 2003
"com ruas tão estreitas, não espanta que se tenham apaixonado o Simão e a Teresa"
Já ninguém sabe quem é o Simão ou a Teresa. O Amor de Perdição não está no programa e Jorge Silva Melo ficou triste e nostálgico.
A cultura popular que no romance teve o seu apogeu - e depois num cinema que já não há - esplendor burguês, nacional e libertário vai-se rio abaixo com a gente da minha meia-idade. Ou já foi antes, afogada pelos pais destes, gente com os meus anos, que calaram, pois confiaram na escola e ninguém conversou, ficou tudo a olhar para a televisão, Cornélias e Astros, nem os avós nem ninguém disse (confiem no Hermano Saraiva, confiem!) que Viseu, para além dos enchidos, é onde nasce a história arrebatada daqueles adolescentes tão próximos de mim, pelo menos de mim.
Nada disto tem, na verdade, importância, os tempos mudam, até vivemos melhor, e os corpos estão ainda mais belos neste princípio de Primavera. Mas eu fiquei triste por ninguém já saber do Simão Botelho.
Bela crónica, sim senhor. Eu também gosto do “Amor de Perdição (e de muitos outros livros do Camilo) e de arroz de grelos.