domingo, fevereiro 16, 2003
livros e o luar contra a cultura
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Andava ansiosa por deitar as mãos ao livro Franny e Zooey. Dizia há algumas semanas atrás Mário Santos (no Mil |Folhas) que “é só um dos melhores livros publicados no ano passado em Portugal”, e é mesmo, lêem-se num ápice e com imenso prazer as histórias daqueles “bichos esquisitos”.
O livro foi editado em 1961 e reune um conto e uma novela publicados na revista New Yorker: Franny em 1955 e Zooey, em 1957.
Há três personagens presentes (mais um autor que se revela de vez em quando, dois irmãos que se insinuam constantemente e um namorado que vou esquecer): Bessie, a mãe gorducha, Franny, a mais nova dos Glass, uma jovem lânguida e sofisticada que atravessa uma crise mística e Zooey, o irmão, jovem actor que, com apenas dez anos, leu The Great Gatsby (em vez do Tom Sawer) e tenta livrar Franny de cair numa beatice sem cura...
A reacção aos livros de Salinger não era muito boa. Norman Mailer acusava-o de ter “a sabedoria de escolher temas fáceis” e Steiner liquidou o seu valor num texto demolidor (The Salinger Industry): Salinger lisonjeia a ignorância e a falta de profundidade moral dos seus jovens leitores…
Eu gostei muito e citando Seymour que cita Chuang-tzu: “É preciso ter cuidado quando os ditos homens sábios se aproximam a coxear”.