Ainda na senda do Giacometti, deixo aqui, na janela, um poema de Mário Rui de Oliveira, do seu livro " O Vento da Noite" (Assírio & Alvim).
Em estado puro
Numa das esculturas de Giacometti, tocadas ainda de fogo, um homem caminha, em movimento solitário e eterno. Não sabemos se entra, se sai da morte, mas conseguimos reconhecer, na nobreza do cobre, a própria condição humana. Como benção ou danação, o escultor devolve- nos a vida em estado puro. Viver é também isso. Percorrer um campo de anémonas, quase com vergonha do que trazemos escondido, na mão.