Quando Schiffman perguntou a Cooper qual o meu estilo, Cooper ficou banzado.
“Nunca ouviste cantar tão lento, tão ociosamente e tão arrastadamente”, disse-lhe. Mas mesmo assim não conseguiu dar uma ideia do meu estilo.
Achei que esse era o melhor elogio que me podiam fazer. Antes, comparavam-me às outras cantoras, agora era ao contrário.
“Não são blues”, era só o que Cooper lhe conseguia dizer. “Não sei o que é, mas tens de ouvi-la.”
Foi por isso que Schiffman veio. Depois de me ouvir ofereceu-me um contrato para o Apollo a cinquenta dólares por semana. Era muito bom para a época. Ali o Apollo tinha a mesma categoria que o Palace na baixa.
Tirando os discos de Bessie Smith e do Louis Armstrong que ouvi em miúda, não conheço mais ninguém que me possa ter influenciado, nem na altura nem agora. Sempre quis ter a voz de Bessie e o “feeling” do Pop. Os jovens querem sempre saber de onde vem o meu estilo e por quem fui influenciada e essas coisas todas. Que posso eu responder? Quando se encontra uma canção que tem alguma coisa a ver connosco, não é preciso mais nada. O que interessa é sentir e, quando se canta, conseguir transmitir esse sentimento aos outros. Comigo não tem nada a ver com o trabalho ou arranjo ou ensaio. Dêem-me uma canção que eu sinta e deixa de ser trabalho. Há canções que eu sinto de tal maneira que nem consigo cantá-las, mas isso é outra coisa.
Trabalhar seria ter que cantar canções como “Doggie in the window”. Mas cantar canções como “The man I love” ou “Porgy” é o mesmo que ir comer pato assado chinês, e eu adoro pato assado. Já vivi essas canções e quando as canto vivo-as de novo e adoro-as.
Southern trees bear a strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black body swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.
Pastoral scene of the gallant South,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolia sweet and fresh,
And the sudden smell of burning flesh!
Here is a fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for a tree to drop,
Here is a strange and bitter crop.