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Janela Indiscreta
 
sábado, agosto 21, 2004  

posted by camponesa pragmática on 16:36


 

Sob escuta

Ella e Louis tomaram a minha casa. De manhã estive a ouvir outros discos, agora estou por aqui, em absoluto estado de graça. Ella and Louis roda over and over again. É impressão minha ou esta gente ria durante as gravações? As vozes de Ella e Louis juntas são um assombro. É tudo tão bonito e tão perfeito neste disco. Como é possível, isto? Estou aqui e não queria estar em mais lugar nenhum. Podia viver neste disco, eu. É o que faço, enquanto roda. O que é que resta do mundo quando um disco destes soa? Esta música é um mundo, o mundo.



Things have come to a pretty pass
Our romance is growing flat,
For you like this and the other
While I go for this and that,

Goodness knows what the end will be
Oh I don't know where I'm at
It looks as if we two will never be one
Something must be done:

You say either and I say either,
You say neither and I say neither
Either, either Neither, neither
Let's call the whole thing off.

You like potato and I like potahto
You like tomato and I like tomahto
Potato, potahto, Tomato, tomahto.
Let's call the whole thing off

But oh, if we call the whole thing off, then we must part
And oh, if we ever part, then that might break my heart

So if you like pyjamas and I like pyjahmas,
I'll wear pyjamas and give up pyajahmas
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off.

You say laughter and I say larfter
You say after and I say arfter
Laughter, larfter after arfter
Let's call the whole thing off,

You like vanilla and I like vanella
You saspiralla, and I saspirella
Vanilla vanella chocolate strawberry
Let's call the whole thing off

But oh if we call the whole thing of then we must part
And oh, if we ever part, then that might break my heart

So if you go for oysters and I go for ersters
I'll order oysters and cancel the ersters
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off.

I say father, and you say pater,
I saw mother and you say mater
Pater, mater Uncle, auntie
Let's call the whole thing off.

I like bananas and you like banahnahs
I say Havana and I get Havahnah
Bananas, banahnahs Havana, Havahnah
Go your way, I'll go mine

So if I go for scallops and you go for lobsters,
So all right no contest we'll order lobster
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off.
George Gershwin, Ira Gershwin



p.s. A perfeição é humana e é possível. Perfeitamente possível.


posted by camponesa pragmática on 14:04


 

Unlocking the Mystery of Aerosols

To gain better understanding of aerosols, dozens of scientists from NASA, the U.S. Navy, United Arab Emirates (UAE), and research organizations from around the world are meeting in the Arabian Desert during August and September 2004 to decipher the impact of aerosols on the region's weather and climate.

The United Arab Emirates Unified Aerosol Experiment (UAE2) will rely on satellites, computer models, aircraft, and ground stations to understand the unique "mixing bowl" of desert dust, smoke, and man-made emissions worsened by the region's extraordinary meteorological conditions. Temperatures inland in UAE often exceed 122°F (50°C). Humidity over the Persian Gulf is high while away from the coast it often falls below 10%. Frequent land-sea breeze circulation also mixes air from over land and sea.

While many aerosols occur naturally, originating from volcanoes, dust storms, forest and grassland fires, some are created through human activities, such as altering natural surface cover and burning of fossil fuels and biofuels (e.g., wood and dung burning).

Scientists know that aerosol particles from factories and power plants increase the number of droplets in clouds and make those droplets smaller. In doing so, the pollutants create more reflective clouds that may retain their water longer and produce less rain. These results offer proof that our industrial processes and need for energy are changing the global climate and local weather systems.


NASA

Continua aqui.

posted by camponesa pragmática on 13:14


 

No One's Home

Sobre esta exposição eu tenho que dizer que a tinha visto há cerca de dois anos e que por qualquer razão me esqueci onde foi que a vi. Foi na Photo-eye, sei agora, porque, por acaso, reencontrei a galeria há minutos. Estou contentíssima. Tinha muitas saudades disto.


© Debe Hale


© Debe Hale


© Debe Hale


Continua aqui.




posted by camponesa pragmática on 03:11


 

Along the Periphery


© David Burdeny
Full Moon Over Ecola


© David Burdeny
Stray Rip-Wrap

Continua aqui.


posted by camponesa pragmática on 02:59


 

A tropical spider on the wall of one of the buildings of the Missionary hospital


Copyright: W. Eugene Smith / Magnum Photos


posted by camponesa pragmática on 02:29


 

On the grounds of the Mission Hospital

Dr. SCHWEITZER was a pastor, a theologist, a doctor, an organist and a musicologist. He became a missionary in Africa, and in 1913 founded the Mission Hospital for lepers on the Ogooué river.


Copyright: W. Eugene Smith / Magnum Photos


posted by camponesa pragmática on 02:22


sexta-feira, agosto 20, 2004  

Attitudes photographiques au Moyen-Orient


Studio Soussi, Album Soussi 05
Index de portraits du Studio Soussi,
Saïda, Liban. - 100 pages, approx. 150 portraits par page,
35 x 50 x 9,5 cm. - Coll. FAI


Cahier Madani 03 CP, Catalogue de photos du Studio Shehrazade
(Hachem el Madani). Saïda, Liban, vers 1950.
9 pages, 16,3 x 20,7. - Coll. FAI.

Musée Niépce


posted by camponesa pragmática on 12:49


 

Le langage des gestes expliqué par 94 mimiques de Carl Michel


Nicole Tonger - Portraits du comédien Carl Michel, Planche 1
Cologne, Dumont-Schauberg - 1886

Musée Niépce


posted by camponesa pragmática on 12:29


 

Noite no Jardim do Medo

Isto aprende-se em pequeno: um bosque não é um lugar de confiança. Aqui não há bosque - aqui é a Casa d'Os Dias da Água, em Lisboa -, mas há um jardim, que é para onde se é levado (sentem-se, sentem-se). E quando alguém se lembra de avisar que "não devemos confiar no jardim", já o espectador desconfiava, na verdade, porque foi levado por um cão sem trela, perdão, por um homem-cão. Não tenha medo (por enquanto): é preciso segui-lo para entrar em "Nocturno Delirante", o mais recente espectáculo da companhia Cão Solteiro, encenado por Nuno Carinhas.

Há espelhos, uma fonte-palco iluminada, para onde pendem as árvores, telas brancas, bancos de jardim (porque é onde se está). "Assim que houve a ideia de fazer um espectáculo nas datas de Verão, sabia-se que se iam contar histórias e apeteceu muito fazer um espectáculo no jardim, dado o ar intimista que este jardim tem. Embora, para um jardim intimista, seja muito exuberante, com uma palmeira gigante", esclarece o encenador.
[...] Kathleen Gomes - Y | Público.pt



posted by camponesa pragmática on 10:11


 

Billie Holiday


© Herman Leonard



Canta e é um barco
canta o barro das águas

Por detrás a nuvem do sono
o silêncio
o algodão

e um grito
(há um estranho fruto
enforcado numa árvore)

Canta
E como se o não quisera
dói e flutua

João Pedro Mésseder



posted by camponesa pragmática on 01:01


quinta-feira, agosto 19, 2004  



Mafia não é um excelente jogo qualquer. É o Padrinho dos jogos de computador. Com anel de famiglia e a benção para dar, de coração generoso, mesmo antes de nos matar. E também por isso.



Espaço e tempo.

Lost Heaven. Década de 30.



O herói.

Tommy, taxista respeitável, cidadão honesto e fiel a Deus, vê-se de súbito, e por um perfeito acaso, envolvido com a não menos respeitável, honesta e fiel famiglia de Don Salieri.


Tommy, homem de bem que se vê enredado nas teias da Mafia.
(Tommy terá um fim terrível)



A Famiglia - alguns retratos.


Don Salieri, o Padrinho, que gosta de Tommy como de um filho.
(Um dia, Don Salieri terá um fim terrível)



Frank, braço direito e melhor amigo de Don Salieri.
(Frank terá um fim terrível)



Vincenzo, o homem das armas, muito estimado por todos.
(Vincenzo terá um fim terrível)



Speedy Gonzalez, amigo de todos.
(Gonzalez terá um fim terrível)



Paulie e Sam, companheiros e amigos de Tommy.
(Paulie e Sam terão fins terríveis)



Objectivo do jogo.

Na pele de Tommy, cumprir todas as missões ordenadas por Salieri. Do meio para o fim do jogo, tomar algumas iniciativas com Paulie, sem Salieri saber. Mafia que é mafia tem de ter traições. E sangue. E vinganças. E sangue.

O jogo é violento. Perdi a conta às pessoas que enganei e às pessoas matei a mando de Salieri, entre mafiosos inimigos, polícias, políticos e inocentes cidadãos de Lost Heaven que tiveram o azar de estar no sítio errado à hora errada. Tal como Don Salieri, também eu gostava de todos eles e honestamente chorei nos seus enterros.



A cidade e os carros.

Lost Heaven é uma fachada a menos que se avance no jogo. O mesmo com os carros. À medida que avança, Tommy aprende a roubar mais carros. E cada modelo oferece uma condução diferente que se sente perfeitamente: mais e menos suave, mais e menos rápida, direcção melhor e pior. Nenhum carro é igual a outro. E são todos lindíssimos, os carros. De Lost Heaven nem se fala.






A música.

A música original (como o tema que se pode ouvir aqui) é de Vladimir Simunek. O tema final é "Lake of Fire", de Lordz of Brooklyn.

E que mais? Django Reinhardt, The Mills Brothers, Lonnie Johnson, Louis Prima e Louis Jordan. Sempre enquanto se joga. Cada fase tem a sua música e cada zona da cidade tem o seu tema. É irresistível.



Como começar?

O jogo completo tem três jogos: o Mafia propriamente dito e dois outros jogos, Freeride, desde o início, e Freeride Extreme, que só fica acessível depois de acabado o Mafia. Naturalmente, começa-se pela primeira fase. Ou começa-se pelo Freeride, para conhecer bem Lost Heaven. Seja qual for a opção, há coisas sérias com as quais não se brinca e nas quais, antes, convém meditar (amostra para download aqui).





A man's gotta do what a man's gotta do.


posted by camponesa pragmática on 21:39


 
Exageros

O Alfredo atirou o jornal ao chão, irritadíssimo, e virou-se para mim:
- Estes jornalistas! passam a vida a inventar coisas, é o que te digo. Então não afirmaram que, no Sardoal, foi encontrado um frango com três pernas! Vê lá tu! É preciso ter descaramento.
- Ajeitou-se melhor no sofá e, relamente indignado, coçou a tromba com a pata do meio.

Mário-Henrique Leiria, Novos Contos do Gin.

posted by zazie on 19:39


 

Rui Patacho, sem título,2001, guache sobre papel, 37,6x28,3cm.

posted by zazie on 12:52


 

Nota muito importante!

Já só falta um dia e meio para o fim-de-semana.


(a imagem veio daqui)


posted by camponesa pragmática on 11:58


 

Sob escuta


posted by camponesa pragmática on 11:38


quarta-feira, agosto 18, 2004  


Helena Almeida, Desenho Habitado, 5 fotografias a preto e branco, tinta, colagem de crina. 1978.

posted by zazie on 22:28


 

Oak Tree in Winter


Fox Talbot, 1841


posted by camponesa pragmática on 16:23


 

And will they lie?

A NASA está a intensificar os preparativos para dotar de inteligência artificial os robôs exploradores do espaço, após o êxito da missão científica obtido em Marte pelos veículos Spirit e Opportunity.

O objectivo é munir os próximos exploradores robóticos de "uma forte dose" de inteligência artificial, para os tornar capazes de tomar decisões durante uma missão, adianta hoje a NASA em comunicado.

Segundo fontes da agência espacial norte-americana, a necessidade dessa inteligência artificial - que já existe há quatro anos e é conhecida pela sigla IDEA (Intelligent Deployable Execution Agents) - aumentou após o desastre do vaivém Columbia, em Fevereiro do ano passado [...]
- lusa.pt





My mind is going...
I can feel it.

I'm afraid, Dave.

Daisy, Daisy...
I'm half crazy...
D-a-a-a-i-s-y, D-a-a-a...


posted by camponesa pragmática on 15:28


 

Sob escuta


posted by camponesa pragmática on 14:30


 

Six Significant Landscapes

I
An old man sits
In the shadow of a pine tree
In China.
He sees larkspur,
Blue and white,
At the edge of the shadow,
Move in the wind.
His beard moves in the wind.
The pine tree moves in the wind.
Thus water flows
Over weeds.

II
The night is of the colour
Of a woman's arm:
Night, the female,
Obscure,
Fragrant and supple,
Conceals herself.
A pool shines,
Like a bracelet
Shaken in a dance.

III
I measure myself
Against a tall tree.
I find that I am much taller,
For I reach right up to the sun,
With my eye;
And I reach to the shore of the sea
With my ear.
Nevertheless, I dislike
The way ants crawl
In and out of my shadow.

IV
When my dream was near the moon,
The white folds of its gown
Filled with yellow light.
The soles of its feet
Grew red.
Its hair filled
With certain blue crystallizations
From stars,
Not far off.

V
Not all the knives of the lamp-posts,
Nor the chisels of the long streets,
Nor the mallets of the domes
And high towers,
Can carve
What one star can carve,
Shining through the grape-leaves.

VI
Rationalists, wearing square hats,
Think, in square rooms,
Looking at the floor,
Looking at the ceiling.
They confine themselves
To right-angled triangles.
If they tried rhomboids,
Cones, waving lines, ellipses --
As, for example, the ellipse of the half-moon --
Rationalists would wear sombreros.

Wallace Stevens

posted by camponesa pragmática on 14:26


terça-feira, agosto 17, 2004  

Lost Heaven

O Mafia jogava-se ao som de Django Reinhardt. Entre inúmeros outros encantos musicais e mafiosos.



Agora Tommy morreu. E não consigo matar o Speedy Gonzalez; seja como for, o Freeride Extreme não chega aos calcanhares do jogo principal.

Resta-me The Suffering.



Que não consigo jogar quando estou sozinha. A música acaba-me com os nervos, mesmo se repetir mil vezes "calma, não estás fechado numa penitenciária labiríntica cheia de monstros: é só um jogo".

É mais um Mafia, oh faz favor. A filha de Tommy podia vingar-se e ir atrás do pessoal do Sallieri, nos anos 50. Não podia? Em vez de Django os golpes podiam passar-se ao som de Count Basie. Era bem. Eu gostaria muito.


posted by camponesa pragmática on 23:15


 

Helena Almeida,Dentro de Mim, fotografia a preto e branco, 1998.

posted by zazie on 22:43


 

recordando...


Creature Comforts

posted by zazie on 17:40


segunda-feira, agosto 16, 2004  

conselhos sexuais e gastronómicos a um príncipe.

Consta que ainda no século XVIII se citava o exemplo do castor, como prudência abstémica e casta que todo o príncipe e senhor de Estado deveria usar na subjugação dos instintos.

A ideia provinha de uma velha lenda já contada por Plínio, Juvenal e Cícero, que acabou cristianizada e transformada em exemplum medieval muito divulgado nos bestiários, em particular no Physiologus e noutras alegorias morais.
Baseava-se na crença que os castores possuíam umas bolsas nos testículos cujo conteúdo era altamente cobiçado pelos poderes medicinais.
Segundo a lenda, o animal, ao sentir-se perseguido pelos caçadores, preferia arrancar com os próprios dentes os apêndices sexuais, salvando assim a vida a troco da perca da possibilidade da luxúria.
Em virtude do sacrifício carnal, o castor passa a associar-se a Cristo que também sacrificou a carne pela salvação das nossas almas.

Konrad von Wurzburg (1225-1287), grande teórico poeta inovador germânico também parece ter sido pessoa com visão de Estado, pois aproveitou a fábula para recomendar aos príncipes a prudência do castor.






sacrifício do castor, Bestiário de Aberdeen







castor preparando-se para arrancar os testículos, cadeiral de Les Andelys, Eure. França.



Outra lenda muito divertida era a da árvore dos gansos barnacles. Acreditava-se que existia uma árvore que flutuava na água que dava uns frutos em forma de cápsula de onde saíam gansos barnacles que assim viviam pendurados dos ramos pelo bico. O fenómeno vegetal servia como exemplo para convencer os judeus da imaculada concepção da Virgem.

Estes animais-planta eram também muito cobiçados para o período do jejum pascal e aconselhava-se os religiosos a comerem os bicharocos pois, como eram totalmente vegetais, a sua ingestão precavia qualquer ente dado à lascívia de cair em pecado carnal.
...Como diria o exótico pedinte do metro Lisboeta: "uma alimentação racional e equilibrada é o essencial"....

Neste caso, por muito que Alberto Magno tenha negado a sua veracidade, os herbanários do século XVII ainda a divulgavam como verídica e acabou transformada nas cracas, uma categoria de saborosos cetáceos, perdendo por completo a medieva vocação macrobiótica e abstémica.






árvore dos gansos banacles. Iluminura medieval.







um par de gansos barnacles presos a uma serpente. Associados a Adão, pois tal como ele, estes animais foram gerados fora da terra. Kilpeck.







gansos barnacles? Claustro mosteiro de S. Domingos de Guimarães.



posted by zazie on 02:19


 
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