Foi num dia quente em meados de Maio. Um imprevisto levou-me à Rua Manuel Pinto de Azevedo, na zona industrial. Uma rua escura e feiosa, com fábricas, sedes de empresas, edíficios sem graça nem cor. Já passava nas sete meia quando lá cheguei, o céu estava avermelhado e corria um vento morno que espalhava uns fiapos pelo ar. Parecia neve ou então parecia um filme. O chão cobria-se com montinhos dessa espécie de lã que o vento tirava das árvores. Apanhei uma mão cheia. De repente aquele sítio tão triste transformou-se em outra coisa.
Só ontem soube que são choupos as árvores dessa rua e que os fiapos são as sementes que se escapam dos frutos por volta de Maio. Foi a Manuela que me explicou. E indicou-me o melhor sítio para os encontrar: no Arborium, em Leiria, aqui (procurar pelo nome científico: Populus).