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Janela Indiscreta
 
quarta-feira, outubro 13, 2004  

Conferência de Imprensa, de Harold Pinter

Imprensa: Senhor Ministro, antes de ser Ministro da Cultura creio que o senhor foi chefe da Polícia Secreta.
Ministro: Correcto.
Imprensa:Vê alguma contradição entre estes dois papéis?
Ministro: Absolutamente nenhuma. Como chefe da Polícia Secreta tinha a responsabilidade, especificamente, de proteger e garantir a nossa herança cultural de forças cuja intenção é subvertê-la. Defendíamo-nos do verme. E ainda nos defendemos.
Imprensa: O verme?
Ministro: O verme.
Imprensa: Como chefe da Polícia Secreta qual era a sua política em relação às crianças?
Ministro: Víamos as crianças como uma ameaça se - por outras palavras - elas fossem filhas de famílias subversivas.
Imprensa: Então como pôs em prática a sua política em relação a elas?
Ministro: Raptávamo-las e educávamo-las como deve ser ou então matávamo-las.
Imprensa: Como é que as matavam? Qual era o método adoptado?
Ministro: Partir-lhes o pescoço.
Imprensa: E às mulheres?
Ministro: Violá-las. Fazia tudo parte de um processo educativo, percebe. Um processo cultural.
Imprensa: Qual era a natureza da cultura por si proposta?
Ministro: Uma cultura baseada no respeito e nas regras da lei.
Imprensa: Como é que vê o seu actual papel de Ministro da Cultura?
Ministro: O Ministro da Cultura apoia-se nos mesmos princípios que os guardiões da Segurança Social. Acreditamos numa compreensão saudável, musculada e terna da nossa herança cultural e das nossas obrigações culturais. Estas obrigações incluem naturalmente a lealdade ao mercado livre.
Imprensa: E a diversidade cultural?
Ministro: Nós subscrevemos a diversidade cultural, temos fé numa troca de pontos de vista flexível e vigorosa, acreditamos na fecundidade.
Imprensa: E a divergência crítica?
Ministro: A divergência crítica é aceitável - se for deixada em casa. O meu conselho é o seguinte - deixem-na em casa. Guardem-na debaixo da cama. Ao lado do penico do mijo.
Ele ri-se.
É lá que é o lugar dela.
Imprensa: Disse no penico do mijo?
Ministro: Se não tens cuidado eu ponho-te a cabeça no penico do mijo.
Ele ri-se. Eles riem-se
Deixe-me esclarecer isto bem. Precisamos da divergência crítica para nos manter nas pontas dos pés. Mas não a queremos no mercado ou nas avenidas e praças das nossas grandes cidades. Não a queremos manifestada nas casas das nossas grandes instituições. Damo-nos por felizes se ela ficar em casa, isso significa que nós podemos aparecer a qualquer altura e ler o que está debaixo da cama, discuti-lo com o escritor, dar-lhe pancadinhas na cabeça, apertar-lhe a mão, dar-lhe talvez um pequeno pontapé no rabo ou nos tomates e deitar fogo a tudo. Através deste método mantemos a sociedade livre de infecções. Existe, claro, contudo, sempre espaço para a confissão, o recolhimento e a redenção.
Imprensa: Então vê o seu papel como Ministro da Cultura como vital e frutuoso?
Ministro: Imensamente frutuoso. Acreditamos na bondade inata do vosso manel vulgar e da vossa maria. É isto que procuramos proteger. Procuramos proteger a bondade essencial do vosso manel vulgar e da vossa maria vulgar. Vemos isso como uma obrigação moral. Estamos determinados a protegê-los da corrupção e da subversão com todos os meios que temos à nossa disposição.
Imprensa: Senhor Ministro, obrigado pelas suas palavras francas.
Ministro: O prazer foi meu. Posso dizer mais uma coisa?
Imprensa: (vários) Por favor. Sim. Sim por favor. Por favor diga. Sim!
Ministro: De acordo com a nossa filosofia... aquele que se perde é encontrado. Obrigado!
Aplausos. O Ministro acena e sai.


Press Conference estreou a 8 de Fevereiro de 2002 no National Theatre de Londres, com encenação de Gari Jones e interpretação de Harold Pinter, integrada no espectáculo Pinter Sketches I.
Em Portugal, a tradução [de Pedro Marques] foi lida poucas horas depois por Jorge Silva Melo e Joana Bárcia no espaço A Capital/Teatro Paulo Claro.

© Relogio d'água (Teatro II, de Harold Pinter)




posted by Anónimo on 20:00


 
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