São dez e meia. Lá fora passa uma peixeira. Vende sardinhas, pequenas; vivinha, apregoa. A voz dela é forte e enche a nossa sala. Levanto-me, espreito pela janela. Ela desce a rua até à estação de comboios, de canastra à cabeça. É uma zona pobre esta onde trabalho, cheia de anacronismos. A freguesia mais carenciada do Porto, explicam as estatísticas.
Mas a peixeira não faz parte das estatísticas, faz parte da minha memória, leva-me para longe.
posted by Anónimo on 10:41