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Janela Indiscreta
 
sexta-feira, maio 21, 2004  

Pode ser que se foda

e eu também...mas este post do maradona é genialmente louco:

(post emocionalmente desequilibrado; bolinha vermelha no canto superior; desaconselhado a maiores e vacinados)

Não sei quem é que o meu computador pensa que é, mas uma coisa posso garantir a todos: pode não passar de hoje, o filho da puta. Vai para dois meses que me leva três quinze dias para inicializar o caralho de uma sessão, intermediados de avisos que não consegue encontrar o "ficheiro SYSTEM.INI" e mais não sei o quê. Não consegue "encontrar", procure melhor, olha o caralho.

"Não foi possível carregar a biblioteca de Ligação Dinâmica." O quê, filho? Deve faltar o "msnp32.dll", pensei eu, recordando-me de um antigo conselho da minha avó sempre que me aprestava para ir à amêijoa, há 15 anos: "Não te esqueças de levar o msnp.dll, Fernando Jorge." Nunca me esqueci e sempre voltei da Ria Formosa vivo, ainda que sem amêijoa quase nenhuma. Desta vez a coisa fia mais fino: um quarto de hora depois de ter ligado o botão do computador, mas ainda a vinte minutos de poder ver o meu Aldaily, aparece-me, lustrosa e impecavelmente desenhada, uma caixa de diálogo informando-me, precisamente, da ausência do fatídico "msnp32.dll".

"Insira disquete", diz depois. Insiro-lhe, em cada uma das suas peças, qualquer dia, é um maçarico corta-chapas dos estaleiros de Gdansk, daqueles de tecnologia soviética, agora à venda por tuta e meia na Feira da Ladra de Varsóvia, e utilizados pelas máfias russas para assaltar as caixas fortes dos bancos siberianos. Desde que tenho NetCabo, então, o cabrão do computador mais parece governado por um sindicato alemão: vai não vai, mesmo gordo de mil e uma regalias, faz greve, sem aviso prévio ou outro tipo de satisfações, o que está contra a lei, como se sabe. E, last mas não o least, depois desta travessia do Pacífico em cacilheiro da Transtejo, estou muito bem, já no meu quarto de hora habitual que normalmente me leva a abrir a página do New York Times, e o paneleiro desliga-se, todo contente, com ar de quem está a cumprir bem o seu dever, e, cúmulos dos cúmulos, informando-me que faz isto para minha 'segurança'. O que ele, o computador, não sabe, é que a zelar assim pela minha 'segurança' está a contribuir para que a sua própria 'insegurança' em grau que talvez o surpreenda.

A minha vida é um batido de ovas de choco.

Razão tinha Hayek, quando, desde The Road To Serfdom até aos seus representantes terrestres Margaret Thatcher e Ronald Reagan (curvo-me, ajoelho-me), quando avisava contra os perigos de tentar sumarizar num modelo abstracto e imutável a informação contida em todos os agentes individuais que constituem uma sociedade. Este computador, tal como está, pensa que eu quero algo mais que a merda de uma página do word em branco e um Internet Explorer funcional. Tenta oferecer-me infinitas benesses que nunca me servirão para nada, arranja-me coisas estragadas que nunca utilizei e que nem sabia existirem, propõe-me que "melhore" o meu sistema, aconselha-me e informa-me de trinta coisas por uma linha.... assim não admira que se embrulhe em mil e uma actividades contraditórias e lhe faltem ficheiros. E isto acontece, repare-se, de um dos produtos por excelência do ideal hayekiano, que são os computadores. Imaginem, então, como estaríamos se as coisas tivessem corrido mal; imagine-se um computador soviético.... olhem, pensando agora nisso, surprise surprise (inglês), o ideal para mim seria mesmo um computador soviético. Não será o Capitalismo capaz de sovietizar uns quantos produtos para consumo (capitalista) de uns quantos chatos como eu?

[Pequeno parêntesis: e porque não propor a troca dos actuais ocidentais sequestrados pela guerrilha fundamentalista islâmica no Iraque pelos membros dos "Evanescence", autores da música mais pantanosa do momento: "My immortal" (ou pelos "My Immortal", autores da música mais pantanosa do momento: "Evanescence", sei lá... hoje em dia nem sei distinguir entre os nomes das bandas, dos álbuns e das músicas)? Perderíamos algo mais que uma vida menos atormentada? Nota: sei que há quem discorde profundamente das minhas opiniões musicais, em especial em Guxeminde; mas eu não percebo nada disto... a minha área é mais a petrologia metamórfica de médio grau.]

Pois então que tomei uma decisão: vou acabar com esta merda. Vou apagar tudo o que tenho no disco e instalar o Windows com o menor número de paneleirices que me deixarem. Este acto de homem com ?ó? grande é de uma sensatez que me surpreende a mim e à minha própria mãe. A continuarem assim as coisas, o mais provável seria que o Surfista Prateado entrasse um dia aqui pela janela e me atirasse o computador pela janela fora. Como não nado em dinheiro (e isto é o mínimo que posso dizer da minha conta bancária), decidi tentar a única coisa com hipóteses de evitar que o Capitão América entre aqui pela janela e atire com o computador e o Surfista Prateado pela janela fora.

Mas claro que não posso sequer fazer isso sem que lhe dê um pouco do meu rabinho, como seria, aliás, já óbvio. Julgavam que era só colocar os discos do Sistema Operativo e está a andar, não? Isso é que era bom. Não! Primeiro tenho que ir ao BIOS. Ao BIOS? Quando me falaram nisso comecei logo a pensar no autocarro que teria que apanhar: apostei no 38, que vai das Amoreiras até Miraflores, aquele sitio incertae sedis, onde está escondido o Bin Laden. Mas parece que não, que é um local dentro do próprio computador, no meu caso, da exclusiva responsabilidade dos laboratórios Tseng, em Taiwan. O que vale é que eu tenho um fraquinho por Taiwan, e em especial pelos laboratórios Tseng, senão tinha logo desistido da tarefa e telefonado ao Capitão Marvel para vir aqui e atirar com o Capitão América, o Surfista Prateado e o computador pela janela fora.

O parlamento de Taipé (capital de Taiwan, ou Formosa) sempre nos habituou a sessões de pancadaria de fazer inveja às mais bárbaras hordas mongois. As imagens, sempre tecnicamente instrutivas, de dezenas de representantes do povo de uma fantástica nação por nascer a esmurrarem-se indiscriminadamente deixa-me com esperança que os meus próprios surtos violentos sejam considerados pelos outros como uma manifestação legítima e justificável de um ser indefeso enervado e amedrontado com uma 'China' ditatorial, imperialista, antidemocrática e ameaçadora, ameaçando implodir a qualquer momento mesmo aqui à minha beira, mesmo do outro lado de um mísero canal, de tanto crescimento económico e tanto orgulho nacional, engolindo as minhas duas dúzias de milhões de habitantes autodeterminados, livres, mas reconhecidos por ninguém, num imenso caldeirão sem sentido ou forma de bilião e qualquer coisa de almas. Confrontado com o actual estado do meu computador, sinto-me como Taiwan ao lado da China, mas ao quadrado.

Não por isso, mas, estou convicto, de alguma forma a ele ligado (relembrar Teoria das Cordas; quem não estiver familiarizado (ninguém está, mas está bem), pode começar por este superlativo artigo de Freeman j. Dyson sobre o último e de certeza também superlativo livro de Greene, autor do mega superlativo The Elegant Universe), está o facto de que desde há três semanas que um dos meus quadros preferidos é o Landscape With The Fall of Icarus, do Brueghel, esse meu grande amigo, companheiro da apanha do melão no Patacão, Faro. Espalha-se o moço na água todo chamuscadinho e ninguém dá por nada. Representando a inventividade, a ousadia e a ingenuidade, Ícaro esparrama-se num canto imperceptível do quadro enquanto a Terra, o mundo da certeza, da paciência e do silêncio, representados pelo agricultor, pela esplendorosa peida da mula que lhe ajuda a sulcar o solo e por outros fantásticos pormenores, continua as suas revoluções à volta do Sol, indiferente aos custos da beligerança; como diz Auden, esse meu grande amigo, companheiro da chinchada da azeitona em Guerreiros do Rio, Alcoutim:


About suffering they were never wrong,
The Old Masters: how well they understood
Its human position; how it takes place
While someone else is eating or opening a window or just walking dully along;
How, when the aged are reverently, passionately waiting
For the miraculous birth, there always must be
Children who did not specially want it to happen, skating
On a pond at the edge of the wood:
They never forgot
That even the dreadful martyrdom must run its course
Anyhow in a corner, some untidy spot
Where the dogs go on with their doggy life and the torturer's horse
Scratches its innocent behind on a tree.

In Brueghel's Icarus, for instance: how everything turns away
Quite leisurely from the disaster; the ploughman may
Have heard the splash, the forsaken cry,
But for him it was not an important failure; the sun shone
As it had to on the white legs disappearing into the green
Water; and the expensive delicate ship that must have seen
Something amazing, a boy falling out of the sky,
Had somewhere to get to and sailed calmly on.



Ora, meus caros; Deus, meu sacana; Bill Gates, seu maroto, Bernardino Soares: eu não quero pertencer ao lado "Ícaro" da humanidade, apesar de toda a atracção e admiração que sempre todos demonstrámos pela mítica personagem. Quero, antes, fazer parte da tripulação do barquinho que "sailed calmly on", a puta da vida toda, de preferência.

O mínimo que se me oferece dizer é que as coisas não têm corrido bem. A semana passada houve greve da Carris mesmo quando eu queria vir para casa. Resultado? Tive que inventar uma alternativa que não o 15 ou 28 habituais. O Cardoso, ontem, não me apareceu com o trabalho todo feito. Resultado: tive que fazê-lo eu. A minha mãe, às vezes, não me faz o prato; outras vezes não me escolhe a roupa; sucede até não me cortar as unhas dos pés. Resultado? Tenho que lhe pedir em voz mais alta e num choramingado mais eficiente. Há três dias que o VH1 não passa os pretos vestidos de verde. Resultado? Há três dias que não oiço a canção dos pretos vestidos de verde.

A minha vida tem sido esta Via Sacra e agora, do nada, surge este problema com o computador, em dimensão já demasiadamente enfatizada por mim. Resultado? Vou ter que, mais uma vez, me armar em Ícaro. Convém aqui informar os menos atentos que qualquer projecto, para mim, é demasiado ambicioso para as capacidades disponíveis, pelo que em qualquer projecto o meu outro nome deveria ser Ícaro. Estou preparado para tudo (mas só depois da final do Campeonato da Europa, na fantástica final França-Espanha).

Pois é, meus amigos, pode ser a última vez que a gente se vê por algum tempo. A cera poderá derreter e as penas descolarem-se. Cairei desamparado num sitio qualquer, provavelmente logo no inicio da viagem, no BIOS do meu computador. Mas mesmo que me safe dessa primeira aventura, muitas outras esperar-me-ão, sempre exigindo muito mais do que para aquilo que nasci: estar deitado na cama e jogar à bola.

Estou farto de escrever esta merda deste post, também. Chegou aí a uma altura que já não sabia por onde andava. Está calor. Red House Painters? Quem não gostar de Red House Painters leva já com duas reguadas que eu mando.

Até já ou até nunca.

PS: e Luna? Quem é que não gosta de Luna? Palhaços! Palhaços!


posted by zazie on 22:27


 
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